Mais de 100
pessoas estiveram presentes na abertura do Seminário Pesquisa e Política de
Sementes, ocorrido nesta quarta (30) no Convento dos Maristas, município de Lagoa Seca/PB.
Durante a um momento místico inicial, agricultores e agricultoras representantes
das diversas regiões da Paraíba colocaram em exposição, no centro do espaço,
símbolos de sua cultura, sementes, plantas, frutos, conhecimento e artesanato.
A história do
processo de fomentação de políticas públicas pautadas pela luta da agricultura
familiar, foi o tema da apresentação de Luciano Marçal (representante da AS-PTA
e da ASA-PB). Através do resgate da história de luta e resistência do movimento
camponês paraibano em distintos períodos de secas, Luciano afirma que “são através dessas ações de mobilizações e
manifestações sociais que os agricultores encontram oportunidades para a
conquista de liberdade e autonomia na continuidade do modo de produção
tradicional da agricultura familiar camponesa e agroecológica”. Apresentando
no fim como desafio a necessidade de reconstruir a política de sementes como
base para a construção de um novo modelo de desenvolvimento.
Durante o
debate alguns agricultores e agricultoras se manifestaram de forma emocionante
repudiando a forma como vem sendo construída a política de sementes dos
governos estaduais e federais. Maria Roselice, representante do Polo Sindical
da Borborema, com a voz trêmula e revoltada, disse sentir-se indignada com tal
situação: “Me sinto revoltada com essa
distribuição de sementes do governo, que se limita a distribuir apenas duas
variedades, desconsiderando toda uma biodiversidade, todo conhecimento e
riqueza que existe no estado. É da gente sentir raiva! A vontade que dá quando
a gente vê essa situação é de tocar fogo naqueles sacos de sementes!”.
Outro
depoimento repleto de emoção foi o feito pelo Seu Joaquim Santana, agricultor
do Polo da Borborema: “A Semente da
Paixão é da Paixão porque é boa! É de qualidade e atende as nossas
necessidades, por isso nos apaixonamos, pois ninguém se apaixona pelo que não
presta! A gente sabe que o problema não são as sementes, mas as políticas que
estão aí, que não atendem as necessidades dos agricultores. Temos que dizer
“não” aos programas que só mudam os nomes, mas permanecem os mesmos”.
O encontro tem
sido um momento muito importante participação de agricultores, através de suas
denúncias e questionamentos representantes da Secretaria de Estado do
Desenvolvimento Agrário e Pecuária (Sedap), Ministério do Desenvolvimento
Agrário (MDA), Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS),
Emater, Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e INCRA estão sendo
convidados a discutir sobre os métodos e propostas adotadas pelo governo.
A programação do encontro segue
com a apresentação dos resultados quantitativos e qualitativos do estudo
desenvolvido pela Articulação do Semiárido Paraibano (ASA – Paraíba) e a
Embrapa Tabuleiros Costeiros, apoiados pelo Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a participação dos gestores
públicos no debate sobre o papel das
políticas públicas e a valorização da agrobiodiversidade como política de
convivência com o semiárido.
Patrícia Ribeiro
Comunicadora Popular ASA-Patac
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