Foto: Francisco Nogueira |
A caminhada sairá pela Avenida Floriano Peixoto seguindo pela Rua Afonso
Campos e depois retomando a Floriano Peixoto pela Rua Peregrino de Carvalho,
próximo à Feira Central, culminando com um ato público na Praça da Bandeira, no
centro da cidade. No local estará montada uma feira com a exposição de produtos
e experiências da agricultura familiar agroecológica como hortaliças, sementes,
banners, informativos, maquetes, etc. Para a atividade estão sendo esperadas
caravanas de diversas regiões do estado, reunindo mais de mil representantes
das entidades que fazem parte da ASA Paraíba.
O
objetivo do evento é celebrar os 21 anos de história e de lutas para a convivência com o
semiárido que as organizações da ASA Paraíba vêm construindo, especialmente a
partir da política de acesso a reservatórios de água como as cisternas de
placas, além de um processo de formação voltado para o manejo sustentável desse
recurso natural. A cisterna (invenção de um agricultor de Sergipe) se tornou em
uma política pública graças à mobilização da sociedade civil organizada e vem
democratizando o acesso à água em todo o Semiárido. Na região semiárida já
foram construídas mais de 600 mil cisternas, só na Paraíba o número chega a 60
mil.
Segunda a coordenação da ASA-PB as cisternas de placas geram autonomia
para as famílias camponesas “A gente pode falar em dois tipos de autonomia: uma
é a tecnológica, por ser uma implementação que nasce do conhecimento próprio da
agricultura camponesa. A outra é livrar os agricultores das garras da política
assistencialista que alimenta a ‘Indústria da Seca’. No semiárido água é poder,
famílias que eram obrigadas a andar quilômetros em busca do líquido, hoje
dispõem dela na porta de casa, é isso que a cisterna de placas faz, empodera as
famílias”, afirma Glória Batista, da coordenação executiva da ASA Paraíba.
Glória ressalta ainda o aspecto da qualidade da água das cisternas de placas,
comprovada por pesquisas: “Em 2010 um estudo da Fiocruz mostrou que a qualidade
da água das cisternas de placas reduziu o número de doenças e os índices de
mortalidade infantil no meio rural”, completa.
Denúncia - A mobilização objetiva ainda chamar a
atenção da sociedade para as cisternas de PVC ou plástico que vem sendo propostas
pelo projeto do Ministério da Integração Nacional, por meio do Departamento
Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), do Programa Água para Todos, do
Governo Federal. Inicialmente a proposta é da instalação de 4.000 cisternas de
polietileno em 10 municípios paraibanos: Araruna, Areial, Belém do Brejo do
Cruz, Cacimba de Dentro, Dona Inêz, Igaracy, Quixabá, São Sebastião de Lagoa de
Roça, Lagoa e Soledade. Neste último município, a população se mobilizou e
pressionou a administração municipal a se negar a receber os reservatórios de
plástico e a exigir do governo o mesmo número de cisternas de placas.
Diversos
sindicatos e organizações de trabalhadores rurais têm protestado contra a
decisão tomada por setores do governo federal de substituir as cisternas de
placas por unidades de polietileno. Os agricultores alegam que, além de
funcionar bem, as cisternas de placa trazem oportunidade de trabalho no campo.
Já as cisternas de plástico só beneficiam uma única grande empresa, poluem o
meio ambiente e são menos resistentes ao intenso sol do sertão, esquentam
excessivamente a água e deformam-se como provam as diversas denúncias
publicadas em reportagens na grande mídia e as queixas de vários agricultores.
Quando isso acontece, a comunidade fica na dependência de políticos e
burocratas para substituí-las, o que leva tempo e alimenta o clientelismo. O
contrário acontece com as cisternas de placas: a manutenção é barata e feita imediatamente
pela própria comunidade, de forma autônoma.
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