Visita à propriedade de Maria Vitória |
A
chuva que há meses não caía no cariri paraibano percorreu pelos caminhos de
terra do Sítio Qualhada, zona rural do município de Cubati, durante os dias 13
e 14. A água alegrou os agricultores e agricultoras e não os impediu de
participarem da Capacitação de Famílias em Gestão de Água para Produção de
Alimentos (GAPA), orientada pela equipe da Unidade Gestora PATAC. Os cerca de 40
trabalhadores e trabalhadoras rurais participantes do encontro terão acesso a reservatórios
de água do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) da Articulação Semiárido
Brasileiro (ASA).
Para
entender e fortalecer o uso e o manejo sustentável da água foram desenvolvidas
atividades de reflexão sobre a importância deste bem para o convívio com o
Semiárido e sobre o arredor de casa enquanto espaço de desenvolvimento do trabalho e de sociabilidade da família.
Homens e mulheres discutiram a divisão de tarefas em suas propriedades. Isabela
Cristina, facilitadora do GAPA pelo PATAC, explica que essa discussão é
importante para a valorização do trabalho do homem e da mulher. “É importante
para fortalecer os laços da família em casa e a relação entre marido e mulher,
para que ambos não sejam sobrecarregados com o trabalho. Além de criar um ambiente
mais saudável.”
Durante
à tarde do primeiro dia os agricultores e agricultoras visitaram o arredor de
casa de Maria Vitória de Medeiros, 41 anos. Ela mora no Sítio Qualhada e depois
que teve acesso a uma cisterna-calçadão em 2012, Vitória começou a produzir
alimentos sem agrotóxicos. “Eu trabalho
com canteiros agroecológicos e nessa visita eu não só mostrei como trabalho,
como também aprendi com eles. Por exemplo, eu aprendi a plantar cenoura e
beterraba e amanhã mesmo vou começar a cultivar.” Maria Eulira de Souza, 58 anos, mora no Sítio
Campo de Cima e conta como foi a visita a propriedade de Vitória. “Vitória usa
canteiro feito de cimento e eu só uso umas pedras pra separar os canteiros. É
fácil de fazer o canteiro dela. Quando eu ganhar minha cisterna eu vou fazer
meu canteiro igual ao dela”.
Agricultora planeja arredor de casa |
Quem
não pode ir ao encontro discutiu com os familiares, em casa, o que deve mudar
no arredor de casa com a chegada das cisternas e barreiros. A maioria dos
participantes planeja iniciar o cultivo de hortas e fruteiros ou aumentar a
produção de vegetais e frutas, enquanto o restante deseja utilizar a água para
a criação de animais de pequeno porte. “Todo mundo tem um sonho e quando a
gente recebe uma benção de Deus, como essa cisterna de enxurrada que minha
família está ganhando, a gente tem que saber usar bem”, adverte Francisco da
Silva, 39 anos, morador do Sítio Canoa Velha, e complementa, “eu planto
laranja, acerola e outras frutas, mas a gente tem dificuldade pra aguar, porque
tem pouca água, e fica todo mundo triste lá em casa. Com a cisterna que está
sendo construída, é isso que quero mudar”.
Para
Antônio Carlos Pires de Melo, coordenador do P1+2/MDS pelo PATAC, a
implementação destas tecnologias de armazenamento apresentam um diferencial. “O
nosso princípio é a agroecologia. Ela que orienta o trabalho não só do PATAC,
mas de todas as instituições da ASA envolvidas no P1+2, no sentido de resgatar,
valorizar e irradiar boas experiências no processo de formação dos agricultores
e agricultoras”.
Ao
final do encontro, os agricultores e agricultoras foram orientados de como será
o período de construção das cisternas e as responsabilidades das famílias, dos
pedreiros e dos animadores. Antônio
Carlos avalia o encontro. “Nós atingimos o objetivo de dar visibilidade e
valorizar o papel da mulher na produção nos arredores de casa e também planejar
o que vamos fortalecer no caráter produtivo”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário