Na manhã de hoje (11), cerca de
20 agricultores e agricultoras do Coletivo Regional das Organizações da
Agricultura Familiar e do Polo da Borborema participaram de uma visita de
intercâmbio sobre manejo da fertilidade do solo e da produção de adubo
orgânico, a partir do uso de esterqueira, no município de Areial, Paraíba.
No intercâmbio os visitantes
conheceram as experiências da família de Carlos Marcelino (conhecido como
Carlinhos) e Josélia da Silva, no sítio Furnas e da família de Maria Aparecida
e José Nivaldo (conhecido como Niva), no Sítio Arara.
Durante a visita a experiência da
família de seu Carlinhos e Dona Josélia, foi apresentado um conjunto de
cartazes que explicavam passo a passo a experimentação com uso da esterqueira
na propriedade. Ano passado foi desenvolvido na propriedade um estudo que
constatou alguns aspectos qualitativos e quantitativos em relação ao uso do
esterco direto no solo, após passar pela esterqueira e da adubação verde, no caso
do estudo, com a gliricídia.
Os resultados foram
significativos. Em todas as avaliações a adubação com a gliricídia proporcionou
a melhor produção do milho, seja das sementes, seja da palha. Em seguida,
também foi comprovado que o esterco após a decomposição na esterqueira garante
a melhor adubação para o solo. Os visitantes ficaram admirados com os
resultados da pesquisa.
A esterqueira é uma nova
tecnologia, desenvolvida pelas famílias agricultoras da região da Borborema na
Paraíba, como estratégia para conservar e melhor aproveitar o esterco produzido
pelos animais. Trata-se de uma alternativa de pouco custo financeiro que
permite melhorar sua qualidade e preservar os nutrientes do esterco durante o
processo de decomposição, garantindo ainda seu melhor aproveitamento.
Emanuel Dias, engenheiro
agrônomo da AS-PTA, fala que a inovação surgiu a partir da experimentação dos
próprios agricultores, buscando formas de melhorar a qualidade do esterco, que
utilizado direto no solo, não rendia e algumas vezes queimavam as plantas. “O
agricultor já fazia o composto aproveitando as sombras das árvores, através do
projeto Terra Forte, conseguimos desenvolver esse modelo de esterqueira, que
propicia facilitar o trabalho de carregar esterco e descarregar a compostagem”,
afirmou Emanuel.
Inicialmente foi desenvolvida uma
estrutura de nylon, mas atualmente já existem esterqueiras sendo construídas
com anéis de cimento, ou seja, pré-moldadas. A diferença é que a pré-moldada
exige um local fixo, resiste por mais tempo e tem capacidade de armazenar 3,6m³,
enquanto a estrutura feita em nylon armazena aproximadamente 4m³ de esterco.
Outra experiência especial que
despertou a curiosidade dos visitantes foi a utilização de pó de rocha, usado
pela família de Seu Niva como adubação natural para o solo. O agricultor conta que
cotidianamente tem comprovado em seu roçado a diferença na produção com o uso
do pó de rocha como adubo. “Esse ano eu fiz o teste na minha plantação de
batata. Numas partes eu colhi de 6 a 7 caixas de batata por hectare. Nesse
pedaço, que eu coloquei o pó de rocha, deu 12 caixas por hectare.”, disse o
agricultor.
Além dessa experiência, os
visitantes conheceram outras experiências das famílias visitadas, como o uso do
biodigestor na produção de gás de cozinha e o armazenamento de forragem através
da Silagem. Segundo José Valterlândio Cardoso, técnico educador
do PATAC, o intercâmbio teve como objetivo favorecer a troca de
experiência sobre o manejo e uso da esterqueira, mas conseguiu propiciar muito
mais.
O Projeto Terra Forte é realizado
pela AS-PTA, em parceria com o PATAC, o Polo da Borborema e os Agrônomos e Veterinários
Sem Fronteiras (AVS), com cofinanciamento da União Europeia.
Patrícia Ribeiro
11/12/2014
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