Nesta
terça-feira (17), agricultores e agricultoras familiares de todo o Semiárido se
reuniram na Orla de Juazeiro (BA) para a realização de um ato público que teve como
tema “Semiárido Vivo: Nenhum direito a menos”, em defesa da continuidade e
ampliação das ações de convivência com o Semiárido e pela urgência na
revitalização do Rio São Francisco.
O ato reuniu cerca de 20 mil pessoas vindas de
todos os estados do Semiárido e foi uma realização da Articulação Semiárido
Brasileiro (ASA), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento
dos Pequenos Agricultores (MPA), Levante Popular da Juventude e Confederação
Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag).
Décadas
atrás a situação da seca no Semiárido brasileiro e a falta de políticas
públicas de convivência eram os motivos de mortes de milhões de pessoas por
sede e fome. No entanto, essa é hoje uma realidade distante. Com a
contribuição de ações e programas sociais como o Água para Todos e o Bolsa
Família, 40 milhões de pessoas saíram da miséria e da indigência e hoje a
região é reconhecido por sua beleza, resiliência, alta capacidade de inovação e
produção de conhecimento e alimentos.
O ato
reivindicou a necessidade de recursos para a continuidade dessas políticas
importantes para a convivência com a região semiárida, que estão ameaçadas por
conta da crise econômica e política. São ações descentralizadas como a
implementação de cisternas de placas para captação de água da chuva para
consumo humano e para produção de alimentos, Bolsa Família, acesso a créditos,
Programa Nacional de Aquisição de Alimentos (PAA), o Programa Nacional de
Alimentação Escolar (Pnae), Seguro Safra e o Bolsa Estiagem.
Atualmente,
quase um milhão de famílias têm água de qualidade para beber ao lado de casa,
através das cisternas de placas; cerca de 120 mil famílias podem produzir
alimentos com água garantida através das diversas tecnologias sociais. Mas o
número de tecnologias de captação de água de chuva ainda não é o suficiente
para beneficiar todas as famílias que residem na região, sobretudo porque há
cinco anos, a população enfrenta a maior seca dos últimos 50 anos. Atualmente,
as metas para implementação dessas tecnologias são menores, se comparadas a alguns anos anteriores, e mesmo o
contratado não consegue ser implementado, pois não há recursos nos Ministérios.
O número de tecnologias de acesso à água construídas até agora é o menor dos
últimos anos.
A
agricultora Juvani de Almeida destaca os benefícios e importância das
tecnologias de captação e armazenamento de água. “Quando a gente não tinha a
cisterna de placas a gente sofria bastante com lata d’água na cabeça. Aí essas
cisternas chegaram, a gente tem uma água de qualidade e ninguém mais ouviu
falar em cólera. O meu desejo é que continue vindo cisterna para quem não tem”,
diz.
O ato
público também alertou para a urgência na revitalização do Rio São Francisco,
importante para a população do Semiárido brasileiro. As chuvas cada vez mais
escassas têm contribuído para que barragens e açudes que abasteciam milhares de
pessoas entrassem em colapso, a exemplo da Barragem de Sobradinho, no Submédio
São Francisco, que segundo dados da Agencia Nacional das de Águas (ANA) opera
com apenas 2,66% de sua capacidade. O resultado das diversas ações humanas de
degradação, que visam a lógica econômica em detrimento da preservação ambiental
e da população ribeirinha dos rios brasileiros, atrelada ao assoreamento e ao
uso irracional da água tem afetado diretamente o Rio São Francisco que abastece
municípios do norte de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.
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