No momento em que
milhares de pessoas do Brasil e de outros países estão reunidas na capital
federal discutindo a construção de políticas que garantam a Comida de Verdade
no Campo e na Cidade, por ocasião da 5ª Conferência Nacional de Segurança
Alimentar e Nutricional, foi lançado o documento “Semiárido Vivo, nenhum
direito a menos” assinado pela Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Pequenos Agricultores
(MPA), Confederação dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Federação dos
Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf), Movimento da Mulher
Trabalhadora Rural do Nordeste (MMTR-NE) e Levante Popular da Juventude.
O documento tem
como principal foco a continuidade e ampliação das políticas públicas sociais
que, nos últimos 12 anos, têm garantindo uma transformação na vida de milhares
de pessoas e que estão comprometidas atualmente por conta da crise econômica e
política. Entre essas ações, destaca-se o Programa de Aquisição de Alimentos
(PAA), que sofreu cortes de 65% do orçamento previsto para 2015 e o Programa
Cisternas que também sofreu cortes severos este ano. Pra se ter uma ideia, o
número de tecnologias de captação de água de chuva construídas até agora é o
menor em 12 anos.
A diminuição destas
e outras ações de convivência com o Semiárido, associadas a outros fatores como
a possibilidade de mais três anos de seca, pode indicar a volta de uma
realidade de miséria e fome que, por muitos anos, perdurou no Semiárido. “A
paralisação dessas ações compromete os direitos dos mais pobres, entre eles, o
direito à segurança alimentar”, alerta o documento.
De acordo com o
coordenador da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) e representante da ASA no
Consea, Naidison Baptista, a expectativa é que o documento informe aos
participantes a situação atual do Semiárido e que a Conferência possa
contribuir na construção das políticas de convivência com a região. “A 5ª
Conferência é um espaço de debate e construção de políticas e o processo de
construção da política se faz na crítica e no elogio das iniciativas
existentes”, afirma Naidison.
Como ação concreta,
as organizações que assinam a carta defendem um conjunto de medidas distribuída
em 4 linhas de ação tais como a intensificação das ações de cisternas de água
para consumo humano e para produção, a revitalização do Rio São Francisco, o
assentamento imediato de todas as famílias acampadas, a suspensão da PEC 215 –
que transfere do Executivo para o Legislativo a definição da demarcação das
terras indígenas- – a execução do Programa Camponês construído pela Via
Campesina junto ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a execução do
Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PLANAPO) e efetiva
implementação do PLANAPO 2 e a implementação e dinamização dos quintais
produtivos, conduzidos pelas mulheres, e na perspectiva da produção de
alimentos saudáveis.
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