27 de março de 2014

Agricultores/as celebram 21 anos da ASA Paraíba, Dia Mundial da Água e dizem NÃO as Cisternas de Plástico

Foto: Francisco Nogueira
A Articulação do Semiárido Paraibano (ASA Paraíba) vai realizar em Campina Grande, amanhã, à partir das 8h, a “Mobilização pelo acesso à água de qualidade como um direito de todos”, em alusão ao Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março. A concentração acontecerá no Teatro Severino Cabral, onde haverá a apresentação do grupo de dança Acauã da Serra no palco do teatro, seguido por um momento de reflexão sobre o tema da mobilização e finalmente, às 10h, os participantes sairão em caminhada pelas ruas centrais de Campina Grande. Acompanhados por um mini - trio elétrico, os manifestantes irão distribuir panfletos, exibir faixas, estandartes, cartazes e painéis evidenciando o modelo de convivência com o Semiárido que a ASA defende e dialogando com a população.

A caminhada sairá pela Avenida Floriano Peixoto seguindo pela Rua Afonso Campos e depois retomando a Floriano Peixoto pela Rua Peregrino de Carvalho, próximo à Feira Central, culminando com um ato público na Praça da Bandeira, no centro da cidade. No local estará montada uma feira com a exposição de produtos e experiências da agricultura familiar agroecológica como hortaliças, sementes, banners, informativos, maquetes, etc. Para a atividade estão sendo esperadas caravanas de diversas regiões do estado, reunindo mais de mil representantes das entidades que fazem parte da ASA Paraíba.

O objetivo do evento é celebrar os 21 anos de história e de lutas para a convivência com o semiárido que as organizações da ASA Paraíba vêm construindo, especialmente a partir da política de acesso a reservatórios de água como as cisternas de placas, além de um processo de formação voltado para o manejo sustentável desse recurso natural. A cisterna (invenção de um agricultor de Sergipe) se tornou em uma política pública graças à mobilização da sociedade civil organizada e vem democratizando o acesso à água em todo o Semiárido. Na região semiárida já foram construídas mais de 600 mil cisternas, só na Paraíba o número chega a 60 mil.

Segunda a coordenação da ASA-PB as cisternas de placas geram autonomia para as famílias camponesas “A gente pode falar em dois tipos de autonomia: uma é a tecnológica, por ser uma implementação que nasce do conhecimento próprio da agricultura camponesa. A outra é livrar os agricultores das garras da política assistencialista que alimenta a ‘Indústria da Seca’. No semiárido água é poder, famílias que eram obrigadas a andar quilômetros em busca do líquido, hoje dispõem dela na porta de casa, é isso que a cisterna de placas faz, empodera as famílias”, afirma Glória Batista, da coordenação executiva da ASA Paraíba. Glória ressalta ainda o aspecto da qualidade da água das cisternas de placas, comprovada por pesquisas: “Em 2010 um estudo da Fiocruz mostrou que a qualidade da água das cisternas de placas reduziu o número de doenças e os índices de mortalidade infantil no meio rural”, completa.

Denúncia - A mobilização objetiva ainda chamar a atenção da sociedade para as cisternas de PVC ou plástico que vem sendo propostas pelo projeto do Ministério da Integração Nacional, por meio do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), do Programa Água para Todos, do Governo Federal. Inicialmente a proposta é da instalação de 4.000 cisternas de polietileno em 10 municípios paraibanos: Araruna, Areial, Belém do Brejo do Cruz, Cacimba de Dentro, Dona Inêz, Igaracy, Quixabá, São Sebastião de Lagoa de Roça, Lagoa e Soledade. Neste último município, a população se mobilizou e pressionou a administração municipal a se negar a receber os reservatórios de plástico e a exigir do governo o mesmo número de cisternas de placas.


Diversos sindicatos e organizações de trabalhadores rurais têm protestado contra a decisão tomada por setores do governo federal de substituir as cisternas de placas por unidades de polietileno. Os agricultores alegam que, além de funcionar bem, as cisternas de placa trazem oportunidade de trabalho no campo. Já as cisternas de plástico só beneficiam uma única grande empresa, poluem o meio ambiente e são menos resistentes ao intenso sol do sertão, esquentam excessivamente a água e deformam-se como provam as diversas denúncias publicadas em reportagens na grande mídia e as queixas de vários agricultores. Quando isso acontece, a comunidade fica na dependência de políticos e burocratas para substituí-las, o que leva tempo e alimenta o clientelismo. O contrário acontece com as cisternas de placas: a manutenção é barata e feita imediatamente pela própria comunidade, de forma autônoma.

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