25 de maio de 2015

Lançamento celebra a chegada do Projeto Sementes do Semiárido no Cariri, Seridó e Curimataú Paraibano

“Afagar a terra
Conhecer os desejos da terra
Cio da terra, a propícia estação
E fecundar o chão”



Ao som do Milton Nascimento com a música Cio da Terra, foi dado início a celebração do lançamento territorial do Projeto Sementes do Semiárido, ocorrido nesta última sexta-feira, 22, na cidade de Soledade – PB.

O evento, organizado pelo Patac, juntamente com o Coletivo Regional das Organizações da Agricultura Familiar, contou com a presença de aproximadamente 150 pessoas, entre agricultores e agricultoras, secretários de agricultura de alguns municípios, assessores técnicos e representantes políticos da região de atuação do Coletivo Regional.

O projeto propõe fortalecer diretamente 640 Bancos de Sementes Comunitários em todo o semiárido Brasileiro. Na Paraíba serão trabalhados 64 bancos de sementes e destes 22 bancos na região do Cariri, Seridó e Curimataú, território de atuação do Coletivo Regional e do Patac. No total serão cerca de 440 famílias que farão parte diretamente do trabalho desenvolvido pelo Projeto.

Músicas, poesias, apresentações teatrais e depoimentos das famílias guardiãs das sementes da paixão deram o clima de emoção da celebração. “Eu sou guardiã da Semente da Fava Ceará, a qual já vinha sendo cultivada há vários anos pela família de minha sogra e hoje eu venho tentando manter, juntamente com minhas plantas medicinais”. Falou de forma emocionada Solange José de Medeiros, agricultora guardiã da comunidade Capoeiras, município de Cubati (PB).

Como Solange, outros agricultores e agricultoras deram também seus depoimentos sobre a importância de guardar as sementes da paixão, e assim proteger essa biodiversidade, patrimônio genético e ambiental do Semiárido.

Maria da Vitória da comunidade Boa Vista, do município de Santo André, lembrou: “Nosso banco de sementes, começou em 2011, com cinco famílias, que na época estavam sendo apoiadas pelo Programa Uma Terra e Duas Água (P1+2), hoje já são 21 famílias que fazem parte desse banco, onde estão guardadas uma grande variedade de sementes, como: o feijão corujinha, o milho sabugo fino, sementes de plantas forrageiras e hortaliças”.

O trabalho com as sementes crioulas, chamadas na Paraiba, Sementes da Paixão, representa a luta pela convivência com o semiárido, pela vida e pela valorização do trabalho de agricultores e agricultoras camponeses que resistem e enfrentam diariamente inimigos, como: o agronegócio, os transgênicos, o monocultivo, o uso de agrotóxicos, o sistema latifundiário.

A coordenadora do Patac e da Articulação no Semiárido Brasileiro, Maria da Glória Araújo, falou sobre a importância do Projeto Sementes do Semiárido. “Esse projeto não nasceu em Gabinete, nasceu do trabalho dos agricultores e agricultoras do semiárido. Foi a história de luta, amor, resistência e dedicação desse povo que fez com que surgisse esse projeto. Assim como o Programa Um milhão de Cisternas, que na época era desacreditado e hoje já são mais 800 mil cisternas construídas no semiárido brasileiro e mais de 70 mil construídas aqui na Paraíba, o Projeto Sementes do Semiárido também será irradiado e fortalecido por todo o semiárido brasileiro”, afirmou Maria da Glória. Ainda segundo a coordenadora o projeto representa para além do ato de guardar as sementes da paixão, para o plantio, mas principalmente demonstra a importância do trabalho na perspectiva da segurança e soberania alimentar, bem como, da Política Nacional de Agroecologia.

Com esse sentimento de confiança e esperança na continuidade da construção de um semiárido fortalecido com felicidade, dignidade e igualdade para todos que o evento foi concluído. As atividades já começaram em março deste ano e está previsto para ser concluído em março de 2016.

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