8 de março de 2019

8 de março: Mulheres Camponesas e Agroecologia ‘O Esperançar por um Semiárido mais justo’



Na última sexta-feira (08), cerca de 100 agricultoras e agricultores familiares dos 12 municípios da Paraíba que constituem do território do Coletivo Regional das Organizações da Agricultura Familiar, além de técnicas e técnicos da Entidade de Assessoria - Patac, se reuniram em Soledade para um encontro de formação. O evento ocorreu pela manhã, em ocasião do ‘08 de março (8M) Dia Internacional da Mulher’, no qual os/as participantes refletiram sobre o marco histórico que esse dia representa para a luta das mulheres, no campo e na cidade e a partir disso, celebraram as lutas e resistência das mulheres camponesas.


Um momento inicial trouxe a memória das mulheres que morreram durante à luta por igualdade de gênero e também pela justa divisão sexual do trabalho.  Um vídeo foi exibido explicando as razões pelas quais o 8M não pode ser um dia apenas de homenagens, mas precisa trazer para o centro das discussões as questões ainda não superadas entre homens e mulheres, tanto no universo do trabalho, como nas relações afetivas, o que tem gerado os altos índices de violência contra à mulher, culminando em assassinatos (Feminicídios) , tanto por seus companheiros quanto por outras questões desencadeadas pelo machismo. 

Para a Glória Araújo, coordenadora do Patac e membro da Coordenação Executiva da Asa Paraíba e da Asa Brasil, “a consolidação da agroecologia se faz considerando e dando visibilidade ao papel das agricultoras camponesas, porém não é só isso, é fundamental atuar na perspectiva da divisão justa do trabalho doméstico e do cuidado, bem como combater e denunciar as diversas formas de violência contra as mulheres. Quanto mais se debate sobre a importância do trabalho das mulheres e o combate à violência, mais estamos caminhando para a superação das desigualdades e consequentemente para o fim da violência, fazendo assim avançar a agroecologia com justiça social."  

Foram debatidas as diversas formas de violência contra as mulheres, desde a violência doméstica até às práticas de opressão que ocorrem todos os dias. As próprias mulheres expuseram seus dilemas e conflitos, bem como as superações obtidas ao longo de suas trajetórias de vida, desde a infância até a idade adulta, quando essa violência se apresenta dentro de casa e fora dela. 

A liderança Cássia Cardoso, de Juazeirinho, destacou que os processos mobilizadores dos programas de acesso água, são exemplos de organização das mulheres como alternativa para fortalecimento da defesa dos direitos femininos. “Essas alternativas vêm desde os cursos, quando tratamos sobre as questões de gênero nos Gestão de Recursos Hídricos (GRH) e Gestão da Agua para Produção de Alimentos (GAPAS). A agricultora ainda destacou que ela própria é fruto do trabalho que vem sendo feito em defesa da importância das mulheres e a convivência com o Semiárido.

Betânia Buriti, agricultora que faz parte da coordenação do Coletivo, destacou  que o território tem ampliando espaços de discussões quem vem fortalecendo o trabalho das mulheres e o enfrentamento da violência, ela citou a formação de um  grupo de animação dos temas relacionados as mulheres, e reforçou que a construção desse espaço vem sendo fortalecido a cada ano e que essas ações vem acontecendo de forma a ajudar essas mulheres a identificarem suas histórias e a buscarem alternativas entre elas mesmas, através da escuta, do fortalecimento de ações que possibilitem autonomia e no  encaminhamento aos serviços especializados de assistência à mulher.
 
Ela ainda fez o lançamento do Calendário Anual 2019 do Coletivo e do Patac, que traz como tema “Mulheres Camponesas e Agroecologia: ‘O Esperançar por um Semiárido mais Justo’ que tem um importante papel na estratégia de comunicação dessas organizações, trazendo para o centro do debate político as mulheres camponesas deste território de atuação da Articulação do Semiárido.

Na ocasião também foi lançada a 10ª Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia, do Polo Sindical da Borborema,  para o público daquele território, onde a jovem Petrucia Nunes, também da Coordenação do Coletivo, explicou os motivos pelos quais a Marcha é importante para agricultoras e agricultores, dizendo que a atividade, tem o duplo objetivo de dar visibilidade ao papel das mulheres camponesas na construção da agricultura familiar agroecológica e de denunciar todas as formas de violência contra a mulher.

Na edição de 2019 a Marcha acontece na cidade de Remígio – PB e esse ano, traz o enfoque das mulheres negras. O evento acontece no dia 14 de março, data do assassinato da vereadora Marielle Franco, ocorrido no ano passado (2018). Um crime que até hoje não foi esclarecido.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Organizações comemoram a volta do CONSEA com banquetaço em Campina Grande

Um conjunto de organizações que atuam na promoção do direito humano à alimentação realizará no dia 27 de fevereiro, segunda-feira, um ‘Banqu...