14 de dezembro de 2010

Comunicação por uma vida digna no semiárido foi o tema do Encontro Nacional de Comunicação da ASA Brasil

(Articulação no Semiárido Brasileiro), realizado em Camaragibe, região metropolitana do Recife, de 01 a 03 de dezembro de 2010.
 
No primeiro dia, foi feito um resgate da história da luta pela convivência com o semiárido brasileiro, antes e depois de 1982 e da criação da ASA Brasil, em 1999. Uma das constatações é que, a maioria das pessoas que participaram do encontro, entraram na luta pela convivência com o semiárido a partir do ano 2000. Enquanto, a maioria das entidades que representam foram criadas nas últimas quatro décadas do século passado (1960, 70, 80 e 90), durante a ditadura militar, o processo de luta pela redemocratização do País e primeira década pós-Constituição Federal de 1988. Também foi feito um resgate coletivo dos acontecimentos nacionais e no semiárido nesse período. Além de uma contextualização do entendimento histórico da ASA Brasil, sobre a comunicação no semiárido brasileiro: práxis, avanços, limitações e desafios. Para fechar, à noite, ao redor de uma fogueira: uma roda de causos, histórias, poesias e músicas.
 
Na manhã do segundo dia, depois de uma maravilhosa dinâmica de aquecimento, várias rodas de conversas sobre o que significa vestir a camisa com a inscrição “Comunicação por uma vida digna no semiárido”? Continuando quatro subgrupos, debateram: comunicação em rede; experiências alternativas de comunicação; sistematização e intercâmbio de experiências; e, visibilidade e campanhas de comunicação. Cada subgrupo partiu de experiências concretas, as quais foram partilhadas e debatidas, para extrair os aprendizados/lições e questões desafiadoras ou para encaminhamentos. À tarde, as apresentações foram feitas em painéis com tarjetas e dinamizadas pelas falas e simulações de programas radiofônicos.
 
Percebemos que há diversos métodos, técnicas, práticas, instrumentos de sistematização com os mais variados alcances e desafios. Existem inúmeros meios/canais de comunicação para, com e pelos povos do semiárido. Experiências de trabalho em rede, parcerias, visibilidade de práticas, hábitos e modos de vida tem potencializado mudar a mentalidade de um semiárido inviável para um semiárido possível e que há pelo menos 40 mil anos é habitado e tem sido o espaço onde a vida se desenvolveu e criou estratégias de convivências com as variantes e condicionantes climáticas, provando que é possível viver aqui com simplicidade e dignidade.
 
Devemos continuar, criar, recriar, aperfeiçoar o que já temos e fazemos de comunicação. Mas também precisamos pautar a democratização da comunicação no Brasil, para que possamos fazer com que comunicação seja, de fato, um direito humano acessível a toda a população brasileira por e nos seus múltiplos meios.
 
Além das mídias alternativas, as rádios comunitárias e FMs entraram no debate, tendo em vista as concessões públicas para grupos políticos, religiosos e econômicos, como e por quem estão sendo usadas, frente à onda de criminalização das rádios comunitárias desencadeada durante os governos LULA com fechamento de muitas com processos e condenações judiciais dos/as comunicadores/as comunitários/as.
 
Ao final do dia, debates por Estados da Federação (MG, MA, BA, PI, CE, RN, PB, PE, AL e SE), buscaram identificar avanços/conquistas e dificuldades/limites na comunicação institucional, Asa Estadual e Asa Brasil, programas, projetos, atividades, atores e sujeitos envolvidos. E para fechar o segundo dia de trabalho, descontração, música, dança e bebidas (por conta dos/as participantes) na “noite cultural”.
 
O terceiro dia começou com um momento de aquecimento e reflexão. Seguiu-se com a apresentação das constatações por Estados (feitas no final do dia anterior). Depois, os grupos estaduais voltaram a se reunir para identificar desafios prioritários e sugestões e recomendações.
 
À tarde, numa grande roda ao ar livre, procuramos nivelar os conceitos de rede de comunicadores/as e GTs de Comunicação, além de avaliarmos e encerramos o encontro. Enquanto, aguardamos o relatório, estou circulando este relato.
 
 
José Pereira de Alencar (Zezinho)
Assessoria de Comunicação do CAATINGA

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